De maneira
reiterada, serviços de segurança ocidentais e jornalistas que cobrem temas
relacionados com a segurança, afirmam que entre as estruturas dos grupos
jihadistas militam alguns indivíduos que se radicalizam sós, atuam sós e
cometem atos terroristas sós pois, segundo seu ponto de vista, são induzidos ao
crime por meio das redes sociais.
Esta versão
que fez carreira e rapidamente se dá por veraz, na realidade não é certa. Não
há tais lobos solitários. Estado Islâmico e Al-Qaeda são organizações piramidais,
estruturadas por células articuladas que atuam sob os critérios da guerra
revolucionária e que gravitam ao redor da conspiratividade, da clandestinidade
e da compartimentação.
Ninguém que
integre um grupo terrorista, seja islâmico como o Estado Islâmico, Hamas, Hizbolah ou
Al-Qaeda, ou comunista como as FARC ou o ELN, pode atuar só. As estruturas
armadas de uns e outros são células terroristas imbuídas por uma doutrina
definida, uma organização básica, e dirigidos por responsáveis político,
financeiro, militar, de organização e propaganda, que por sua vez prestam
contas a cabeças de nível intermediário e estes aos cabeças superiores.
Nessa ordem
de idéias, as ações de cada célula são avaliadas pelas estruturas superiores,
devem acoplar-se a um programa tático e estar inseridas em um plano
estratégico. A razão é simples: se uma organização terrorista não impõe a
disciplina interna, corre o risco de cair na anarquia ou na infiltração do
adversário.
Nos casos de
terroristas que no último ano atuaram nos Estados Unidos, até o presidente
Obama disse que não existe ligação com células jihadistas, em que pese que os
cabeças do ISIS reconheceram a autoria. Tal situação raia entre a ingenuidade,
o desconhecimento do proceder tático-estratégico dos jihadistas, ou o que é
mais grave, o desejo de ocultar informação verdadeira para evitar o pânico.
O ataque
terrorista na maratona de Boston, o massacre de San Bernardino-Califórnia e a
matança em Orlando-Florida, para citar três casos concretos, corroboram que os
terroristas buscaram o mesmo efeito político-estratégico, que os chefes
jihadistas internacionais os colocaram de exemplo como mártires para imitar, e
que os autores das atrocidades não atuaram sozinhos.
O problema
para os países ocidentais radica em que se confunde agressão terrorista com um
assunto policial, sem dar-lhe a categoria de segurança nacional que lhe
corresponde. Finalmente, repete-se de maneira irresponsável a idéia de que as
comunidades islâmicas são discriminadas, que a pobreza é causadora da
radicalização e que as mesquitas ou centros de estudos corâmicos não têm nada a
ver na radicalização de jovens nascidos no Ocidente, quase todos filhos de
muçulmanos que receberam a liberdade que não tinham em seus países de origem.
E na ordem
internacional, há dupla moral nos regimes da Arábia Saudita e Paquistão, que
amiúde negam qualquer relação de seus funcionários com os terroristas
islâmicos, em que pese que os documentos apreendidos do Estado Islâmico e da Al-Qaeda,
assim como os interrogatórios a jihadistas, digam o contrário.
A isto
soma-se o carnaval de interesses excludentes dos países afetados pelos
jihadistas, com a óbvia falta de coordenação dos serviços de inteligência
devido a desconfianças mútuas, ou nos casos do Paquistão, Arábia Saudita e seus
satélites, dos quais há maiores evidências de cumplicidade com os terroristas.
Em síntese,
toda ação terrorista por parte de qualquer jihadista no mundo é a conseqüência
de um plano refinado e aprovado por estruturas superiores, de acordo com
interesses táticos, estratégicos, políticos e geopolíticos. Em tal sentido, é
duvidosa a existência de lobos solitários pois, ao tolerá-los, os grupos
jihadistas poderiam cair na anarquia.
Tradução: Perigo Islamico
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